quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dia 7



Hoje estou finalmente a este de Bucareste.
Estou na comunidade de Făcăeni, mais para sul, mais para este, mais para próximo de alguma coisa, é certo. Coisas que já não contam hoje, coisas como ser delicado para quem não se conhece, coisas como saber quem são as pessoas que visitam este sítio perdido no tempo.

O Inverno já chegou aqui, adormeceu-se e acordou-se ao som do vento e da chuva. E de frio, mas é um frio genuíno, que sabe bem apanhar na cara. Faz de creme hidratante. Mesmo. Ou quase.

Tento meter conversa com as pessoas que encontro no caminho, mas só esta senhora me levou a sério.

Posso tirar-lhe uma fotografia, perguntei-lhe no meu romeno, porque é mesmo meu e só eu sei dele (I se poate fotografia?)
Ela foi sincera e disse-me, minha filha, queres tirar uma fotografia a quê? a esta bela figura (se não foi isso que disse, foi isso que eu percebi)
Mas mesmo assim chegámos a acordo, eu tirei a fotografia e ela perguntou-me quem eu era, o que fazia por ali. Respondi-lhe não sei ainda agora como que o meu marido trabalhava na Prio. E ainda estou para perceber como ela me compreendeu tão bem.

Enquanto falávamos descobri-lhe um dente de prata, o único, um incisivo central, na arcada de baixo. Queria muito ter-lhe tirado mais uma fotografia, agora só do seu rosto e do seu dente, mas achei que já não tinha mais explicações para lhe oferecer. E tudo tem um custo, até a delicadeza.
Uma fotografia de um rosto é uma coisa muito íntima de se pedir e eu nem o nome perguntei a esta senhora.
Mas hei-de perguntar e quando tiver e souber dizer-lhe mais coisas sobre mim talvez possamos chegar a um entendimento e se o meu próximo relato tiver já nome e rosto...então é porque o meu romeno autista conseguiu aldrabar qualquer coisita.


buna masa de prânz

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